terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Condenados ao assistencialismo

''Há quem prefira ficar na pobreza a perder o benefício''

Os programas de distribuição de renda do governo federal não estão funcionando como deveriam. O caso da desempregada Elizângela Silva é lapidar. Moradora de Costa Barros (Rio de Janeiro), mantém os três filhos matriculados numa escola da Zona norte para garantir os R$ 112 mensais do Bolsa Família. O que não impede que, nos fins de semana, rume com a família para Copacabana. Limpa pára-brisas em troca de moedas. Dormindo na calçada, reforça o orçamento familiar em R$ 60. E, indiretamente, confirma que o modelo do Bolsa Família distribui dinheiro, mas incentiva a pobreza, em vez de promover a educação.
No princípio o programa visava estimular o jovem a estudar e, assim, subir na escala social. À época a mãe raciocinava que só teria direito ao benefício se o filho tivesse bom desempenho na escola. Hoje ela faz o que pode para manter a pobreza porque teme, no caso de se empregar, perder o benefício. Prefere continuar atrelada ao assistencialismo oficial. Raros são os beneficiários que conseguem romper essa ciranda de miséria e pedir exclusão do programa. Ao contrário, cresce a cada ano a legião de assistidos - o que, para o governo, pode até ser positivo pelo lado eleitoral, mas é extremamente negativo para a nação.
Fiscalizar a contrapartida exigida por lei é fundamental para retomar o bem-intencionado caminho proposto pelos autores do programa. Assegurar um ensino de qualidade é tão essencial quanto a primeira premissa. E, a fim de resgatar os jovens das ruas ou os pais do mercado informal, cursos profissionalizantes e de requalificação de mão-de-obra são prioritários. Só assim se conseguirá, algum dia no futuro, liberar toda uma geração condenada ao assistencialismo.

Fonte: Editorial, Jornal do Brasil/Revista da Semana.

2 comentários:

Cadinho RoCo disse...

Pois tenho uma tese com relação ao Bolsa Família, no propósito de disciplinar seu eventual uso eleitoreiro. Ao receber o cartão benefício, fulano(a) deve entregar seu título de eleitor(a), por perder o direito de votar. Aí vamos averguar, com mais precisão, qual é mesmo o propósito do Governo com essa pra lá de discutível ação social. Aliás, a reboque disso, proponho voto nulo nas eleições 2008, exatamente por entender que eleições no Brasil hoje estão completamente intoxicadas pelo oportunismo, corrupção e coisa e tal.
Cadinho RoCo

Maria Fernanda disse...

Muito obrigado pelo seu comentário Cadinho RoCo.
Um abraço.