quinta-feira, 1 de maio de 2008

Maioria das brasileiras que aborta é católica, diz estudo




Colaboração para a Folha Online
da Agência Brasil



Uma pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília) e pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) revelou que a maioria das brasileiras que aborta é católica - de 51% a 82% do total de 3,7 milhões. A maioria delas tem entre 20 e 29 anos e já são mães.



"Para a massa, que a vê [a Igreja Católica] como um meio de conforto, e não como uma cartilha dogmática, ela não é suficiente para as mulheres mudarem sua decisão", opina a pesquisadora da UnB Débora Diniz.



Para ela, a conclusão não surpreende, já que grande parte dos brasileiros se diz católica. Em segundo lugar ficaram espíritas (4,5% a 19,2%) e, em terceiro, evangélicas (2,6% e 12,2%).



Para os autores do levantamento, o alto número de abortos feitos por mulheres que já têm filhos (entre 70,8% e 90,5%) reforça a tese de que o aborto seria medida de planejamento reprodutivo, empregado em último caso, quando os outros métodos contraceptivos falharam. "Ao contrário do que se imagina, essa não é uma solução para a gravidez indesejada de uma mulher que desconheça o sentido da maternidade", afirma a pesquisadora.



Outro dado que corrobora essa tese é o uso de métodos contraceptivos pelas mulheres que interromperam a gravidez. Segundo a pesquisa, mais de 50% das que abortaram nas regiões Sul e Sudeste usavam algum método anticoncepcional, principalmente pílulas. Já na região Nordeste, a porcentagem oscila entre 34% e 38,9%.



Cytotec



O medicamento de venda controlada misoprostol, o Cytotec, é o abortivo mais comum, de acordo com a pesquisa. Indicada para problemas gástricos, a substância foi usada por até 84% das mulheres que fizeram abortos de 1997 a 2007. Na década de 80, medicamentos eram usados como métodos abortivos apenas entre 10% e 15% dos casos.



"Nos anos 80, tínhamos mulheres perdendo o útero e com processos infecciosos graves. Com a entrada do misoprostol, o período de internação e as seqüelas associadas ao aborto diminuem consideravelmente no cenário brasileiro", disse a pesquisadora.



Diniz destacou, no entanto, que pílulas compradas por meio de traficantes têm autenticidade questionável e que as sub doses decorrência do uso sem orientação médica implicam em atendimento médico para completar o abortamento e reações como hemorragias e dores.




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2 comentários:

Tânia Defensora disse...

Fiquei triste em saber que as mulheres cristãs praticam aborto.
Que dó!

Lunna Guedes disse...

Isso é o resultado da hipocrisia social. Lamentável, mas real. O pior é que ninguém faz nada quanto a isso. Mas vamos ser sinceros, a Igreja tem lá sua parcela de culpa, afinal, prega aos quatro cantos que a prevenção é pecado.
Sei lá, eu não quero ter filhos, pois meu estilo de vida não permite e falta-me tempo para me dedicar a uma criança tanto quanto ela merece. Tenho amigos que tem filhos e estes nem sempre são tudo que poderiam ser para eles.
O que é realmente pior nos dias atuais? Talvez o aborto já tenha uma outra face como tantos outros temas abordados. Lamentável, mas novamente real.
Abraços meus